sábado, 9 de fevereiro de 2019

ALBERT FINNEY 1936-2019


Vítima de infecção pulmonar, morreu ontem Albert Finney, um dos maiores actores ingleses da sua geração.

Era muito novo quando pela primeira vez o vi em Sábado à Noite e domingo de Manhã (1960), mas revi o filme anos mais tarde, e nos últimos tempos mal o reconheci em papéis secundários da saga Bourne. Mas todos nos recordamos dele em Tom Jones (1963), Crime no Expresso do Oriente (1974), O Armário (1983), Sob o Vulcão (1984), Miller's Crossing (1990), Washington Square (1997), Peixe Grande (2003) e outros.

Cinco vezes candidato ao Óscar, nunca o recebeu. Recusou a Ordem do Império Britânico e também o título de Cavaleiro com que a rainha o queria agraciar. Não obstante a sua origem proletária, Finney frequentou a Royal Academy of Dramatic Arts, privilégio hoje vedado a candidatos que não tenham passado por Eton, tornando-se um excelentíssimo actor do repertório shakespeariano.

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

DESOBEDIÊNCIA

A requisição civil dos enfermeiros foi decretada por incumprimento dos serviços mínimos em quatro hospitais:

Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto
Centro Hospitalar do Porto, integrado no Hospital de Santo António
Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, em Santa Maria da Feira
Centro Hospitalar Tondela-Viseu, em Viseu

O que fará o Governo se a requisição civil não for cumprida?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A GREVE CIRÚRGICA

O Conselho de Ministros aprovou, e Marta Temido, ministra da Saúde, anunciou esta tarde a requisição civil dos enfermeiros.

Objectivo: pôr termo «a situações de incumprimento dos serviços mínimos reportados em diversos hospitais.» Não era sem tempo.

CRISTINA CARVALHO


Hoje na Sábado escrevo sobre A Saga de Selma Lagerlöf, de Cristina Carvalho (n. 1949). Biografias romanceadas há muitas. O que Cristina Carvalho fez foi outra coisa: chamou-lhe romance biográfico. Ainda hoje a escritora sueca de maior projecção internacional, Selma Lagerlöf rompeu a barreira da língua, impondo-se ao vasto mundo. Verdade que o Nobel da Literatura ajudou, mas, em 1909, quando o recebeu, era já autora de um livro que se tornou um clássico, A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson pela Suécia. Com a focalização omnisciente levada ao extremo, a autora introduz-se na narrativa em nome próprio. Utiliza o expediente ao longo do livro, desde logo na descrição do enterro de Selma no cemitério da colina de Östra Ämtervik: «Agradeço-te muito, Cristina Carvalho, o facto de estares a falar por mim, mas não te alongues muito, não faz sentido, pouco interessa.» Facto é que, sem ignorar nenhum detalhe relevante, a autora constrói o livro como um patchwork de memórias. Está lá tudo: a casa de Marbacka; a descoberta dos pavões, acontecimento de tal modo marcante que pôs fim às limitações provocadas pela deficiência no quadril esquerdo com que Selma havia nascido («De repente, caminhei»); a morte do pai; os anos da juventude; o intervalo de Falun; a docência com crianças; a descoberta da condição feminina; o combate sufragista; as relações lésbicas (com Sophie Elkan, sua companheira durante 27 anos, mas também com Valborg Olander, amante e consultora literária); as viagens pela Europa e pela Palestina; o sucesso estrondoso do primeiro livro, A Saga de Gösta Berling (1891); a carreira literária ao arrepio dos padrões da época; o Prémio Nobel; o ingresso na Real Academia Sueca em 1914, privilégio até então vedado a mulheres; a troca de cartas com a poetisa Nelly Sachs, vítima do Holocausto e futura Nobel; a amizade com o pintor Carl Larsson; etc. Mas estão sobretudo os rituais escandinavos, os estados de espírito, as sensações, o peculiar universo de lobos, ursos, gralhas, bruxas, pragas e terrores. Bem como a marca identitária de Selma: «Sim, sou homossexual. Mas então, se não fosse era o quê?» Em suma, um belo romance biográfico. Quatro estrelas. Publicou a Relógio d’Água.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

PRAÇA DE ESPANHA


No próximo dia 11, de manhã, Fernando Medina apresenta na Fundação Calouste Gulbenkian o projecto vencedor do concurso público internacional para o ora denominado Parque Público da Praça de Espanha.

Aquilo nunca foi bem uma praça. E, nos anos 1990, viu abortada a construção de seis edifícios assinados pela nata da arquitectura mundial no dia em que o Banco de Portugal desistiu de lá instalar uma sede faraónica.

Sucessivas hipóteses de túneis têm estado em cima da mesa. Agora virou parque público. Corresponderá a imagem do convite ao que vão lá fazer? Tremo. Monet não é a minha chávena de chá.

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domingo, 3 de fevereiro de 2019

IMPORTA-SE DE REPETIR?

Sigo há muitos anos o historiador britânico Timothy Garton Ash, 63 anos, director do centro de estudos europeus do St Antony’s College. Garton Ash é um homem de Direita, mas pensa bem.

Li esta manhã a longa entrevista que deu a Teresa de Sousa, que foi a Oxford falar com ele sobre o Brexit, a Europa e os populismos. A entrevista ocupa sete páginas do P2 do Público.

Garton Ash repete tudo o que tem escrito em dezenas de artigos e livros. A novidade é dizer, preto no branco, que a Europa tem hoje um único estadista, que não é outro senão... Macron. Discurso directo: «Finalmente, com a excepção de Macron, não temos líderes com qualidade

Conheço e admiro a excentricidade britânica, mas aqui estamos no domínio do proselitismo. O problema é que Garton Ash não é jornalista, é historiador.