sábado, 25 de fevereiro de 2017

REN HANG 1987-2017


Com apenas 29 anos, suicidou-se ontem em Pequim o fotógrafo chinês Ren Hang. O artista atirou-se de uma janela do prédio onde vivia com o companheiro. Conhecido internacionalmente (ainda o mês passado expôs em Amesterdão e Estocolmo), manteve presença regular em galerias de Nova Iorque, Londres, Paris, Roma, Bruxelas, Moscovo, Tóquio, Los Angeles, Miami, Arles, Milão, Frankfurt, Vilnius, Atenas, Basileia, Viena, Copenhaga, Istambul, Banguecoque, Hong Kong, Xangai, Pequim, etc. Monografias suas estão publicadas em vários países. Motivo alegado: depressão.

LIDO


José Azevedo Pereira, então director-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, tentou, por três vezes, publicar os dados (como a Lei obriga) relativos aos famosos dez mil milhões de euros transferidos para offshores. Mas Paulo Núncio, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, meteu o processo na gaveta durante ano e meio. O director-geral da AT «nunca foi autorizado a proceder à divulgação dos dados». Mais detalhes nos jornais de hoje.

A imagem é do Diário de Notícias. Clique.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

LACÃO, TS & CAVACO

Afinal foi Jorge Lacão, e não Teixeira dos Santos, quem no dia 6 de Abril de 2011 anunciou que o Estado português ia pedir ajuda externa. Fê-lo no Plenário da Assembleia da República, após falar com o primeiro-ministro. Lacão era ministro dos Assuntos Parlamentares, estando a sua intervenção registada no Diário da Assembleia da República. Antes de o fazer, informou o ministro das Finanças.

O que é extraordinário é que tenha sido necessário esperar seis anos para desfazer o equívoco do statement de Teixeira dos Santos. Reza a lenda, até agora nunca desmentida, de que terá sido o antigo ministro das Finanças (em conversa com o Jornal de Negócios) a precipitar os acontecimentos. Podemos concluir que, conhecendo a agenda de Lacão, Teixeira dos Santos deu um passo em frente.

Tudo isto se soube agora porque Lacão desmente Cavaco Silva em três passagens das suas memórias: o OE 2011, o pedido de ajuda externa e o BPN.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ


Hoje na Sábado escrevo sobre Em Viagem pela Europa de Leste, de Gabriel García Márquez (1927-2014), volume que compila onze crónicas publicadas em 1957 na revista Cromos, de Bogotá, as quais deram origem, em 1978, ao livro ora traduzido. Se alguém tivesse encomendado a um anticomunista um panfleto anti-URSS, o teor de corrosão ficaria àquem. No Verão de 1957, acompanhado de uma francesa e um italiano, García Márquez partiu de Frankfurt para uma viagem pela “Cortina de Ferro”. O périplo começa em Berlim, onde ainda não havia Muro, e era possível residir no sector russo e trabalhar no sector americano. Premonitório, escreve: «dentro de cinquenta, cem anos, quando um dos sistemas tiver prevalecido sobre o outro, as duas Berlins serão uma única cidade.» Seguem-se Praga, Varsóvia, Moscovo e Budapeste, a capital húngara que no ano anterior tinha sido ocupada pelos tanques soviéticos. García Márquez não arranja desculpas para a pobreza, nem ignora a cólera das populações: «No campo de concentração comia mal, mas era mais feliz do que aqui», diz o empregado de um bar em Berlim Leste. Fantasmagórico é o adjectivo mais benigno que me ocorre. Quatro estrelas. Publicou a Dom Quixote.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

ARMANDO, OF COURSE


Com A Sombra do Mar (2015), Armando Silva Carvalho, 79 anos, poeta e ficcionista, venceu o Prémio Literário Casino da Póvoa, atribuído hoje no decorrer da sessão de abertura do festival Correntes d’Escritas. O júri era constituído por Almeida Faria, Ana Gabriela Macedo, Carlos Quiroga, Inês Pedrosa e Isaque Ferreira. Da shortlist faziam parte livros de Nuno Júdice, Luís Filipe Castro Mendes, António Carlos Cortez, Daniel Jonas e Miguel-Manso. O Presidente da República e o ministro da Cultura assistiram à cerimónia. Com obra publicada desde 1965, Armando Silva Carvalho é um dos mais importantes poetas portugueses contemporâneos.

TIMOTHY GARTON ASH


«Agora somos todos vizinhos. Existem mais telefones do que seres humanos e cerca de metade da humanidade tem acesso à Internet. [...] O que o Facebook fizer tem um impacto mais amplo do que qualquer coisa que seja feita pela França, e a Google mais do que a Alemanha. São superpotências privadas

Isto vem logo na primeira página do livro mais recente de Timothy Garton Ash, 61 anos, historiador britânico, professor em Oxford e Stanford, colaborador regular do Guardian e da New York Review of Books. Muitos dos seus artigos são publicados na imprensa internacional. Quanto sei, Free Speech: Ten Principles for a Connected World, traduzido por Jorge Pereirinha Pires, é o terceiro dos seus livros a ser publicado em Portugal. Os outros são The File: A Personal History, 1997, e History of the Present, 1999. Seria pleonástico insistir na importância do autor.

Já agora, uma nota da página 435: «No segundo trimestre de 2015, o Facebook reportou 1,49 mil milhões de utilizadores activos (os que lá deram entrada pelo menos uma vez por mês), enquanto a população da China estava calculada em 1,3 mil milhões

Publicou a Temas e Debates.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

GEDEÃO


Faz hoje vinte anos que morreu António Gedeão (1906-1997), o poeta e escritor que foi também, com o nome de baptismo, Rómulo de Carvalho, um eminente professor e pedagogo, além de historiador e divulgador da Ciência. Gedeão chegou tarde à cena literária. Em 1956, com 50 anos feitos, publicou Movimento Perpétuo, o primeiro livro de poesia. Seguiram-se Teatro do Mundo (1958), Máquina de Fogo (1961), Linhas de Força (1967), Poemas Póstumos (1983) e Novos Poemas Póstumos (1990). 

Por quatro vezes a sua poesia foi reunida em volumes que coligem a obra precedente: em 1964, 1968, edição que inclui o famoso prefácio de Jorge de Sena, 1990, em edição de luxo ilustrada por Pomar, e em 2001. O conjunto da obra literária foi dado à estampa em 2004: Obra Completa reúne poesia (incluindo juvenilia), narrativas ficcionais, teatro, ensaios literários, bem como parte da extensa correspondência trocada com Sena entre 1958 e 1977. Recordar que Gedeão foi casado com a romancista Natália Nunes, sua viúva.