quinta-feira, 2 de agosto de 2018

SAVIANO & VALE FERRAZ


Hoje na Sábado escrevo sobre Os Meninos da Camorra, do jornalista e escritor italiano Roberto Saviano (n. 1979), celebrizado pelos artigos que publicou sobre a Camorra napolitana e, em especial, pelo romance Gomorra, êxito planetário que deu origem a um filme e a uma série de televisão. Desde que o livro saiu, Saviano ficou com a cabeça a prémio, vivendo actualmente em Nova Iorque sob protecção policial. Decalcando factos reais, Os Meninos da Camorra prolonga a temática com enfoque no recrutamento de adolescentes. O título original, La paranza dei bambini, refere apropriadamente a ‘rede de pesca de arrasto’ (a paranza) que os traz à luz crua da morte. Os meninos são onze. Contra toda a evidência, fazem frente aos padrinhos das grandes famílias do crime. Violência, crime, escatologia, Maquiavel, WhatsApp, lugares-comuns. Como se o bestseller de 2006 estivesse a ser republicado em série. Agora são rapazes. O próximo será com mulheres? Por vezes, os diálogos soam convencionais. Dito de outro modo: não conseguimos ouvir um adolescente do submundo. O jargão é um adereço se a construção sintáctica não corresponder. Três estrelas. Publicou a Alfaguara.

Escrevo ainda sobre a reedição de Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz (n. 1946), pseudónimo literário de um oficial dos Comandos. Ao contrário do que se diz, a guerra colonial não está ausente da literatura portuguesa. Uma série de obras menores aumentaram a bibliografia a partir de 1975, mas um leitor exigente encontra com facilidade dez títulos de referência. Estou a falar de ficção. Um desses títulos é Nó Cego, publicado pela primeira vez em 1982. Escrito a partir da sua experiência no terreno, com acção centrada em Moçambique no tempo em que Kaúlza de Arriaga era o chefe militar do território, o romance progride com a cadência adequada, transfigurando em literatura a mais importante campanha militar verificada naquela antiga Colónia, a Operação Nó Górdio (1970). Investigador de História contemporânea, o autor sabe dosear a intriga sem beliscar a realidade. Indispensável. Quatro estrelas. Publicou a Porto Editora.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

ROBLES SAI DE CENA


O óbvio ululante depois da marretada de Luís Fazenda.
Clique na imagem do Expresso.

APARTHOTEL ROBLES


Na sua forma actual, o Prédio Robles é um aparthotel. Dispõe de 10 aparts de dimensão variável (entre 28 e 38 metros quadrados), e uma suíte júnior com 41 metros quadrados.

Podia ser um lar da terceira idade, podia, mas para isso era necessária consciência social. Prédio para famílias viverem não é. O descritivo do anúncio da Christie’s é muito claro.

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domingo, 29 de julho de 2018

PRÉDIO ROBLES


Apartamentos prontos para serem utilizados em Short Term Rental — com maiúsculas e tudo —, sublinha, em português e inglês, o anúncio da Christie’s relativo à venda do Prédio Robles.

Ninguém está a dizer que isto não é legal. Ninguém está a dizer que isto não é o trivial do arrivismo gauchiste. Ninguém está a dizer que isto não é o sonho de todos os merceeiros enriquecidos. Há um porém: Catarina Martins, líder do BE, não pode vir dizer que os media inventaram o negócio. O anúncio esteve em linha desde Outubro de 2017. Só agora desapareceu.

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