quinta-feira, 10 de agosto de 2017

RUI KNOPFLI 1932-1997


Se fosse vivo, Rui Knopfli faria hoje 85 anos. No ano em que se assinala o 20.º aniversário da sua morte, um pequeno alinhavo sobre aquele que é um dos grandes poetas de língua portuguesa, em qualquer época. Nascido em Inhambane, Moçambique, a 10 de Agosto de 1932, foi com a família para Lourenço Marques ainda criança. Estudou em Moçambique e na África do Sul, tendo sido, sucessivamente, delegado de propaganda médica (1954-74), director do jornal A Tribuna (1974-75), adido de imprensa da delegação portuguesa na assembleia-geral das Nações Unidas (1975) e, nos últimos 22 anos de vida, conselheiro de imprensa na embaixada de Portugal em Londres (1975-97). Expulso de Moçambique em Março de 1975, pelo alto-comissário Vítor Crespo (o almirante tomou a decisão com base no editorial em que Knopfli denunciava o conúbio da Frelimo com a polícia política de Ian Smith), passou quatro meses em Lisboa antes de partir para a capital britânica.

Fotógrafo amador, colaborador assíduo da imprensa, tradutor exigente (cito apenas dois, T. S. Eliot e Edward Albee, pois de ambos foram publicadas em Portugal traduções suas), fundador, com João Pedro Grabato Dias, dos cadernos de poesia Caliban (1972-73), polemista, deixou uma obra ímpar: O País dos Outros, 1959, Reino Submarino, 1962, Máquina de Areia, 1964, Mangas Verdes com Sal, 1969, que teve uma segunda edição aumentada em 1972, A Ilha de Próspero, 1972, reeditado em Portugal em 1989 (com as fotografias originais, a preto e branco, impressas a cores), O Escriba Acocorado, 1978, O Corpo de Atena, 1984, prémio de poesia do PEN, e O Monhé das Cobras, 1997. Por duas vezes a sua obra foi reunida em volumes de poesia completa: Memória Consentida, 1982, e Obra Poética, 2003. Para Setembro está prevista a publicação, pela Tinta da China, de uma antologia organizada por Pedro Mexia.

Um dos episódios mais caricatos à volta da sua obra relaciona-se com a antologia Rosa do Mundo (2001), da Assírio & Alvim. Knopfli surge no cartapácio como tradutor do polaco Zbigniew Herbert e do chinês Tao Li. Sucede que O Livro Melancólico de Tao Li é puro gozo do autor. Dito de outro modo, Tao Li é Knopfli himself, um detalhe que escapou ao especialista (Gil de Carvalho) em poesia chinesa. Fui seu amigo a partir de 1971, conheci Mécia e Jorge de Sena na sua casa de LM, era seu hóspede regular quando ia a Londres. Quando regressou a Portugal, em Agosto de 1997, vinha já muito doente. O dia de Natal daquele ano foi muito triste: o Rui morreu depois do almoço. A 27 fui a Vila Viçosa para a despedida final.

A foto foi tirada por Jorge Neves (meu marido), em 1981, na casa de Eugénio Lisboa em Londres.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

DUNQUERQUE


Se ainda não viu, vá ver Dunkirk, de Christopher Nolan, com um elenco de actores pouco conhecidos, mas Jack Lowden não me escapou. Kenneth Branagh, única estrela, não adianta nada ao filme. O protagonista, se assim lhe podemos chamar, é Fionn Whitehead, que vêem na imagem. Receio que os espectadores com menos de 50 anos não percebam o que estão a ver. O filme atém-se ao essencial: a retirada anglo-francesa de Dunquerque, entre 25 de Maio e 4 de Junho de 1940. Onze dias decisivos em que foram resgatados trezentos mil homens por mar. O escritor inglês P. G. Wodehouse, que vivia em Le Touquet, na região de Pas-de-Calais, não só não ficou incomodado com a carnificina (cerca de cem mil mortos, dois terços dos quais britânicos), como se tornou colaboracionista nazi. Mas isso o filme não conta. Foi a seguir a Dunquerque que Churchill fez o discurso famoso: «Iremos até ao fim. Lutaremos na França. Lutaremos nos mares e oceanos, lutaremos com confiança e força crescente no ar, defenderemos a nossa ilha, qualquer que seja o custo. Lutaremos nas praias, lutaremos nos terrenos de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas. Nunca nos renderemos.» Só não percebo por que razão o título não foi traduzido. Porquê Dunkirk em vez de Dunquerque?

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES


Com Mediterrâneo, João Luís Barreto Guimarães acaba de vencer o prémio de poesia António Ramos Rosa, da Câmara de Faro. O júri era constituído por Nuno Júdice, José Tolentino Mendonça e Adriana Nogueira.