sábado, 7 de janeiro de 2017

MÁRIO SOARES 1924-2017


Após 26 dias em coma, Mário Soares morreu hoje. Tinha 92 anos. Se vivemos em democracia a ele o devemos. Filho de um ministro da Primeira República, advogado, professor, escritor, adversário do Estado Novo, fundador e secretário-geral do Partido Socialista, ministro dos Negócios Estrangeiros em vários governos, deputado e eurodeputado, presidente da Internacional Socialista, três vezes primeiro-ministro, Presidente da República entre 1986 e 1996, conselheiro de Estado, presidente de inúmeras organizações internacionais, como, por exemplo, a Comissão Mundial Independente dos Oceanos. Doze vezes preso, deportado para São Tomé em 1968, exilado em Paris (1970-74), período durante o qual foi professor na Sorbonne, tornou-se o garante do reconhecimento internacional do regime saído do golpe de 25 de Abril de 1974. Foi casado com Maria Barroso (1925-2015), de quem teve dois filhos: João Soares, antigo presidente da Câmara de Lisboa, e Isabel Soares, directora do Colégio Moderno.

SALDANHA


Digam lá se o Saldanha não está infinitamente melhor assim? A imagem ilustra um pequeno detalhe da requalificação operada entre o Marquês de Pombal e o Campo Grande, alterando a Fontes Pereira de Melo, o Saldanha, a Avenida da República, o Campo Pequeno, Entrecampos e toda a área do Campo Grande. Os passeios largos oferecem dois tipos de piso: pedrinhas de calçada para os saudosistas, mas também pedra lisa para pessoas como eu que não gostam de patinar.

A imagem foi roubada à página de Facebook de Fernando Medina. Clique para ver melhor.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

HARRY PARKER


Hoje na Sábado escrevo sobre Anatomia de um Soldado, de Harry Parker (n. 1983). Filho de um general britânico, o autor participou como oficial na campanha de 2009 no Afeganistão, tendo perdido as duas pernas: a esquerda no momento da explosão, e a direita por amputamento, já em Birmingham. Agora existe o romance onde narra a experiência de guerra. Anatomia de um Soldado é o seu primeiro livro e foi publicado este ano. O romance tem narradores peculiares como, por exemplo, uma mochila, um drone e uma cama de campanha desdobrável: «O meu número de stock da NATO é o 7105-99-383. Fui uma das primeiras a chegar à base.» Tom é referido como BA5799. Avanços e recuos no tempo ajudam a situar os acontecimentos. A prosa escorreita em pouco difere de uma reportagem jornalística de qualidade. A descrição minuciosa dos equipamentos e procedimentos transmite uma sensação de assepsia que anula por completo o pathos da história. O registo é intencional, podendo ler-se como forma de ironia “abstracta”. Não acontece todos os dias ver o conflito pela perspectiva de um drone. Parece-me evidente que Parker, não querendo dramatizar a situação pessoal numa obra de ficção, optou pela digressão reflexiva. Três estrelas. Publicou a Elsinore.

domingo, 1 de janeiro de 2017

TERROR EM ISTAMBUL

Saiu Istambul na roleta do terrorismo. Munido de Kalashnikov, um atirador vestido de Pai Natal matou 39 pessoas e feriu 70 no interior da discoteca Reina, um local da moda em Istambul, onde estariam cerca de seiscentas pessoas. Entre os mortos encontram-se 16 estrangeiros, um segurança e um polícia. Tudo se passou quando eram 23:45 em Portugal (01:45 no local da tragédia). A discoteca Reina fica situada no bairro de Ortakoy, na margem Leste do estreito do Bósforo. Dezenas de pessoas atiraram-se à água para escapar aos tiros. São contraditórias as notícias sobre o destino do atacante, não havendo confirmação sobre se fugiu ou foi abatido.