domingo, 16 de janeiro de 2022

NEMÉSIO


UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi A Caminho do Corvo de Vitorino Nemésio (1901-1978), um dos poetas centrais do século XX português.

Natural de Praia da Vitória, na Ilha Terceira (Açores), Nemésio publicou em Angra do Heroísmo o primeiro livro, Canto Matinal, não tinha ainda quinze anos feitos.

Depois do serviço militar, já em Lisboa, colaborou na imprensa da época. Em 1922, em Coimbra, concluiu o ensino secundário, matriculando-se na Faculdade de Direito, ao mesmo tempo que trabalhava como revisor da Imprensa da Universidade. No ano seguinte foi admitido na Maçonaria. Em 1925 trocou o curso de Direito pelo de Filologia Românica, tornando-se docente da Faculdade de Letras de Lisboa em 1931.

Além de poesia, publicou um dos mais importantes romances portugueses de sempre, Mau Tempo no Canal (1944). Mas também contos, teatro, ensaios, crónicas, uma biografia de Herculano e uma antologia de poesia brasileira dos séculos XVII e XVIII.

Durante quase sessenta anos, colaborou activamente em jornais e revistas (algumas das quais fundou), tendo, após 25 de Novembro de 1975, sido o primeiro director do jornal conservador O Dia, lançado pelos jornalistas despedidos do Diário de Notícias durante o PREC.

Antes de tornar-se catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa (1940), foi leitor de português em Montpellier (1934-36) e Bruxelas (1937-39). Ao longo da vida ministrou cursos em vários países, do Brasil a Moçambique.

Ligado ao separatismo açoriano durante o PREC, nem por isso deixou de ser uma personalidade extremamente popular, celebrizado pelas crónicas da Emissora Nacional e pelo programa Se Bem Me Lembro que a RTP transmitiu a partir de 1969.

Continuam inéditos os poemas eróticos, de que se conhece apenas um, Pedra de Canto, publicado no n.º 35 (1977) da revista Colóquio-Letras.

O poema desta semana pertence a Sapateia Açoriana (1976). A imagem foi obtida a partir do Volume II de Obras Completas (1989), organizado por Fátima Freitas Morna e publicado pela Imprensa Nacional.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire, Gomes Leal, Salette Tavares, Camilo Pessanha, Edith Arvelos, Cesário Verde, António José Forte, Francisco Bugalho, Leonor de Almeida, Carlos de Oliveira, Fernando Assis Pacheco, José Blanc de Portugal, Luís Miguel Nava, António Maria Lisboa, Eugénio de Andrade, José Carlos Ary dos Santos, António Manuel Couto Viana, Ruy Cinatti, Al Berto e Alexandre O’Neill.]

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