sexta-feira, 23 de julho de 2021

AUTÁRQUICAS 2021


Sondagem do ISCTE e do Instituto de Ciências Sociais, divulgada hoje no Expresso.

Medina repete o score de 2017. 64% dos eleitores de Lisboa consideram o seu mandato Bom (61%) ou Muito Bom (3%). Os itens melhor avaliados são os transportes públicos, os espaços urbanos, a oferta cultural, a segurança e a limpeza.

Moedas consegue o resultado de Cristas (CDS, 20%) e Teresa Leal Coelho (PSD, 11%) em 2017.

BE ultrapassa o PCP+PEV.

Números:

Medina / PS — 42%

Moedas / PSD+CDS+PPM+MPT+ALC — 31%

Beatriz Gomes Dias / BE — 8%

João Ferreira / PCP+PEV — 6%

Nuno Graciano / CH — 4%

Manuela Gonzaga / PAN — 3%

Bruno Horta Soares / IL — 2%

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quinta-feira, 22 de julho de 2021

POVOS ÁRABES


Foi finalmente traduzida a História dos Povos Árabes, de Albert Hourani (1915-1993), historiador britânico de origem libanesa, professor em Oxford entre 1948 e 1984. Hourani também foi professor em universidades de Beirute, Chicago e Harvard, além de ter trabalhado para a Chatham House, ou seja, para o Royal Institute of International Affairs. Em suma, um nome inquestionável em matéria de estudos árabes.

Esta História dos Povos Árabes foi publicada pela primeira vez em 1991, tendo sido actualizada em 2012 por Malise Ruthven, professor em Cambridge. Ruthven assina um prefácio e o posfácio. No posfácio, de 52 páginas, são analisados todos os acontecimentos ocorridos entre os anos 1990 e o levantamento da Praça Tahrir (2011), no Cairo. 

Como disse Edward Said, «Não há elogios suficientes para a importância deste livro neste tempo.» Com efeito.

Além de doze mapas, o volume inclui, em anexo, listas dos imãs xiitas, dos califas, as dinastias importantes, as famílias reinantes dos séculos XIX e XX, índice remissivo, notas e bibliografia.

Indispensável para quem queira perceber o mundo árabe. Editou a Bookbuilders.

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ABRAPLIP


Por amável convite de Sérgio Nazar David, participarei, em Outubro, no XXVIII Congresso da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa. Outros portugueses presentes são Ana Luísa Amaral, Nuno Júdice e Frederico Lourenço.

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quarta-feira, 21 de julho de 2021

DISTOPIA DE DICK EM SÉRIE


Disponível em streaming na Amazon Prime, descobri por acaso a adaptação feita por Frank Spotnitz, com produção de Ridley Scott, de O Homem do Castelo Alto (1962) de Philip K. Dick.

Quem leu o livro conhece o plot, uma das mais famosas distopias de Dick. Inversamente à realidade, os Aliados perderam a Segunda Guerra Mundial, tendo os nazis (com Hitler ainda vivo) dividido os Estados Unidos em duas zonas: a Leste, o Grande Reich, com a capital em Nova Iorque; a Oeste, os Estados Japoneses do Pacífico, com a capital em São Francisco. Entre ambas, nas Montanhas Rochosas, a Zona Neutra, terra sem lei. Os acontecimentos ocorrem a partir de 1962.

São 40 episódios em 4 temporadas. A 1.ª temporada é de 2015 e ainda só vi oito episódios, mas, do que vi, gostei bastante.

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segunda-feira, 19 de julho de 2021

AXIMAGE


Sondagem da Aximage para a TSF, o DN e o JN, divulgada hoje.

PS 37,6% / PSD 25,2% / BE 7,8% / CH 7,7% / IL 5,5% / CDU 4,8% 

/ PAN 4,6% / CDS 0,9%

Esquerda = 54,8% / Direita = 45,2%

PS e PSD separados por 12,4% / BE e CH empatados / IL ultrapassa a CDU / CDS desaparece.

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DIA DA LIBERDADE


Às zero horas de hoje a Inglaterra levantou as restrições legais decorrentes da pandemia. Mas, pressionado por “especialistas”, Boris Johnson cancelou o discurso que celebraria «a vitória sobre o vírus», tendo, a partir de Checkers (onde se encontra recolhido), aconselhado prudência. 

As discotecas reabriram à meia-noite, momento a partir do qual milhares de pessoas circulam sem máscara nos transportes públicos.

Na imagem, do Guardian, londrinos celebram no The Piano Works, em Farringdon Rd. Clique.

domingo, 18 de julho de 2021

GOMES LEAL


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Soneto dum poeta morto de Gomes Leal (1848-1921), nome maior do Segundo Romantismo português. Uma forma como qualquer outra de assinalar o centenário da sua morte.

Natural de Lisboa, Gomes Leal ficou reduzido à legenda do Anticristo (1884), um juízo enviesado, porquanto, como lembrou Sena, a ele se devem «algumas das mais esmagadoras líricas da língua portuguesa.» Publicou o primeiro poema em 1866, na Gazeta de Portugal, fazendo-se logo notar pelo dandismo saturniano. Em 1872, com Luciano Cordeiro, Magalhães Lima, Silva Pinto e outros, fundou O Espectro de Juvenal, jornal satírico onde zurzia os «liberalões corruptos» e a caterva dos «literatos oficiais». Depressa adquire o estatuto de panfletário-mor do republicanismo mais radical: poemas e opúsculos políticos como O Tributo do Sangue e A Canalha, ambos de 1873, fixam a lenda.

Uma vida pontuada por incidentes folhetinescos obnubilou a justa avaliação da Obra. O eco provocado pela divulgação de virulentos panfletos poéticos — de que são exemplo A Traição, O Herege e O Renegado, todos de 1881 —, com a celeuma jornalística que os acompanhou e o inevitável escândalo no milieu político e literário, contribuiu para desviar a atenção do essencial.

Por exemplo, A Traição invectiva directamente D. Luís face à atitude ambígua do rei no tocante à possibilidade, insistentemente referida, da venda (aos ingleses) de Lourenço Marques. Gomes Leal classifica o monarca como salafrário, pandilha, assassino e ladrão, esgotam quatro edições, mas o poeta acaba na prisão, destino fatal para quem escolhera dar prioridade ao combate ideológico, questionando a Igreja, os fundamentos da monarquia, a pessoa do rei e as instituições burguesas.

Em 1881 escapou ileso de um atentado e, no ano seguinte, começou a publicar A Orgia, mensário de Política, Literatura e Costumes.

Com a morte da mãe, em Maio de 1910, Gomes Leal converte-se ao catolicismo e rende-se à monarquia que tão insistentemente combatera. Devorado pelo álcool, desencantado com os homens, as convicções estilhaçadas, encontra-se sozinho e na miséria. Uma diatribe em verso contra Afonso Costa, Pátria e Deus e a Morte do Mau Ladrão (1914) tem o simbolismo do último estertor. Passou a viver da caridade alheia, dormindo em bancos de jardim.

Até que um grupo de escritores, liderado por Pascoaes, subscreve um apelo a seu favor e, em 1916, o Parlamento vota a atribuição de uma tença anual de 600$00 (importância significativa para a época). Era hóspede do socialista Ladislau Batalha quando, em Janeiro de 1921, morre meio louco.

Natália Correia e Herberto Helder meteram-no em antologias por si organizadas: O Surrealismo na Poesia Portuguesa (1973, Natália) e Edoi Lelia Doura (1985, Herberto). Natália não fez a coisa por menos: devemos-lhe «o mérito surrealizante de reacender o facho da revolta luciferina contra o tirânico policiamento da racaille tonsurée.» Contudo, continua a ser Vitorino Nemésio o principal dos seus antólogos.

Este texto aproveita passagens do que sobre Gomes Leal escrevi em Metal Fundente, o livro de ensaios que publiquei em 2004.

O poema desta semana pertence a Claridades do Sul (1875). A imagem foi obtida a partir da edição que José Carlos Seabra Pereira organizou deste livro, para a colecção Obras Clássicas da Literatura Portuguesa. O volume foi publicado pela Assírio & Alvim em 1998, assinalando os 150 anos do nascimento do autor.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira e Natércia Freire.]

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