sábado, 27 de março de 2021

RTP: NOVO CEO


O jornalista Nicolau Santos, 66 anos, será o novo presidente da RTP. Antigo diretor-adjunto do Expresso e actual presidente da Lusa, Nicolau Santos foi convidado pelo Conselho Geral Independente da RTP para suceder a Gonçalo Reis, antigo deputado do PSD. 

A sua escolha encerra o processo de head hunting (custo: setenta mil euros) conduzido pela consultora Boyden. A posse está prevista para meados de Abril.

A ver vamos se Nicolau Santos tem guts para pôr ordem na casa.

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MANOBRAS


Desconfio sempre de voluntarismos. Em regra, atrapalham mais do que ajudam.

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quinta-feira, 25 de março de 2021

PSD PERDE


A palermice foi chumbada. Antes assim.

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MAIS UM

Foi aprovado esta tarde, na Assembleia da República, o 14.º estado de emergência, que vigorará entre os próximos dias 1 e 15 de Abril.

Votos a favor — PS, PSD, CDS, PAN e uma deputada não-inscrita.

Votos contra — PCP, PEV, IL, CH e JKM.

O BE absteve-se.

O Presidente da República fala hoje ao país.

REPRISE


 Páscoa confinada. Clique na imagem.

quarta-feira, 24 de março de 2021

DITO POR NÃO DITO


Eram 02:37 da madrugada de ontem quando, no fim de uma longa reunião com os dezasseis ministros-presidentes dos Estados federados da Alemanha, a Chanceler anunciou o confinamento geral entre os dias 1 e 5 de Abril. 

Hoje, ao início da tarde, Merkel deu o dito por não dito:

«Para ser absolutamente clara, esse erro é única e exclusivamente meu, porque no fim de contas a responsabilidade final é minha. Lamento profundamente e peço perdão a todos os cidadãos. Um erro precisa de ser chamado de erro e precisa de ser corrigido

O confinamento previa o encerramento do comércio (excepto, no dia 3 de Abril, o comércio alimentar), restauração, serviços e espectáculos, bem como a suspensão das celebrações religiosas durante o fim-de-semana da Páscoa.

Mas, perante a possibilidade de incumprimento geral, Merkel recuou. Entre missas e festarolas, os alemães podem portanto celebrar a Páscoa.

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terça-feira, 23 de março de 2021

NOS 80 ANOS DE ESTEIROS


Assinalando os 80 anos da sua publicação, a Quetzal reeditou Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes (1909-1949), figura destacada do movimento neo-realista português. Considerado a obra-prima do autor, o livro foi escrito para os filhos dos homens que nunca foram meninos. Publicada em 1941, a primeira edição tem capa e ilustrações de Álvaro Cunhal.

Esteiros conta a história de um punhado de miúdos que, no Telhal Grande, em pleno Ribatejo, ocupavam o Verão a trabalhar como adultos numa fábrica de tijolos.

Militante do PCP, Soeiro Pereira Gomes passou à clandestinidade em 1945, morrendo vítima de cancro do pulmão, aos 40 anos.

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segunda-feira, 22 de março de 2021

CENTENÁRIOS


Estamos no ano dos centenários de Carlos de Oliveira e Natália Nunes. Oliveira nasceu a 10 de Agosto, Natália a 18 de Novembro de 1921. Presumo que a Academia esteja atenta às datas.

Poeta, romancista e cronista, Carlos de Oliveira nasceu em Belém do Pará, no Brasil. Em 1923 veio para Portugal, radicando-se a família na região da Gândara. Estreado em livro em 1937, só considerará como parte da bibliografia a obra publicada a partir de 1942. Unanimemente considerado o poeta mais importante do neo-realismo português, distingue-se também como romancista. Na ficção, a obra mais conhecida é Uma Abelha na Chuva (1953), romance que Fernando Lopes passou ao cinema em 1972. Em Trabalho Poético (1977), Oliveira refunde e reescreve a poesia publicada, acrescentando ao volume os dez poemas de Pastoral. Nunca exerceu qualquer profissão. Viveu em Lisboa entre 1948 e 1981, ano da sua morte. O espólio do autor encontra-se depositado no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira.

Romancista, contista, ensaísta, memorialista e tradutora, Natália Nunes é natural de Lisboa. Estreada em livro em 1952, pode dizer-se que foi uma feminista avant la lettre, embora o activismo institucional não dê por isso. A vários títulos, Assembleia de Mulheres (1964) é uma obra precursora. Entre outros, escreveu sobre Dostoievski, Raul Brandão e Carlos de Oliveira. Nas muitas traduções que fez, destacam-se as de Balzac e Violette Leduc. Foi bibliotecária-arquivista e conservadora do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Foi casada com António Gedeão, de quem teve uma filha, a escritora Cristina Carvalho. Faleceu em 2018.

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domingo, 21 de março de 2021

SOPHIA


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Soror Mariana — Beja, de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), voz ática da poesia de língua portuguesa.

Sophia nasceu no Porto em 1919 e passou a infância na casa do Campo Alegre. Em 1944 — ano de publicação do primeiro livro — veio para Lisboa, casando em 1946 com o advogado Francisco Sousa Tavares, de quem se divorciou em 1988. O casal teve cinco filhos, entre eles o jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares e a professora e poeta Maria Andresen.

Em Livro Sexto (1962), Salazar é descrito como “velho abutre”. Católica progressista, dirigiu o Centro Nacional de Cultura a partir de 1965. Integrada nas listas da CEUD, concorreu às eleições de 1969 pelo círculo do Porto e, em Dezembro do mesmo ano, com o marido preso em Caxias, fez parte do núcleo fundador da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. 

Amiga desde sempre de Soares e Maria Barroso, abriu a sua casa para o Partido Socialista delinear ali, na Travessa das Mónicas, o primeiro congresso. Eleita deputada do PS à Assembleia Constituinte (1975), recusará mais tarde os cargos de secretária de Estado da Cultura e de embaixadora de Portugal em Paris. Apenas aceitará, em 1987, ser chanceler das Ordens Honoríficas Portuguesas, cargo que manteve durante três anos.

Além da vasta obra poética, de traduções (Camões e Pessoa para francês, Shakespeare e Claudel para português, etc.) e organização de antologias, Sophia escreveu contos, ensaios, peças de teatro e literatura para a infância. Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1981), recebeu, entre outros, o Prémio Camões (1999). Vítima de acidente vascular cerebral, faleceu a 2 de Julho de 2004, no Hospital Pulido Valente, de Lisboa.

Em 2014, no dia do décimo aniversário da sua morte, os restos mortais foram trasladados do cemitério de Carnide para o Panteão Nacional, acto transmitido em directo por vários canais de televisão.

Escrito no início dos anos 1970, o poema desta semana pertence ao livro O Nome das Coisas, publicado em 1977. A imagem foi obtida a partir de Obra Poética (2015), publicado pela Assírio & Alvim.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna e Mário de Sá-Carneiro.]

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