sábado, 20 de março de 2021

O DEDO NA FERIDA


Ora aqui está o título de um artigo publicado hoje pelo New York Times sobre o desastre que tem sido a vacinação covid na Europa.

Revelações que envergonham a UE:

— Ursula von der Leyen, Macron e Alexander de Croo (o primeiro-ministro belga) não pararam de fazer telefonemas para Washington para saber como se faz. Grotesco!

— A UE vacinou cerca 10% da população dos 27 países, os Estados Unidos vacinaram 23%, e o Reino Unido vacinou 39%.

Síntese da conclusão do artigo:

Os governos europeus costumam ser vistos nos Estados Unidos como liberais e gastadores, mas desta vez foi Washington quem jogou milhares de milhões nas farmacêuticas. Comparativamente, Bruxelas tem tido uma abordagem conservadora, estando a sofrer as consequências. Não se pode adoptar a postura de cliente (como faz a Europa), é preciso entrar nas farmacêuticas para acelerar o desenvolvimento e a produção, como fazem os Estados Unidos.

É sintomático dos novos tempos que tenha de ser um grande jornal norte-americano, bastião do establishment capitalista, a lembrar aos europeus que vacinas não são automóveis.

Clique na imagem do New York Times.

sexta-feira, 19 de março de 2021

ELEMENTAR


Se não fosse assim, era um regabofe. Um regabofe e falta de respeito pelos outros.

Clique na imagem do Público.

quinta-feira, 18 de março de 2021

SISMO EM LISBOA


Eram 09:50h, mais coisa menos coisa, quando senti o chão descer. Segundos.

Diz o Instituto Português do Mar e da Atmosfera que foi um abalo sísmico com magnitude de 3,4 na escala de Richter, com epicentro a dez quilómetros a Noroeste de Alcochete.

Imagem: IPMA. Clique.

quarta-feira, 17 de março de 2021

INTERCAMPUS

Sondagem da Intercampus para o Negócios e o Correio da Manhã divulgada hoje.

PS 37,6% / PSD 23,6% / CH 9% / BE 8,3% / CDU 5,5% / IL 5,3% / PAN 2,5% /

CDS 2,3%.

Catorze pontos separam o PS do PSD.

segunda-feira, 15 de março de 2021

NONSENSE


Alguém no Público confunde o Golpe das Caldas, desencadeado e abortado a 16 de Março de 1974, com o Golpe Botelho Moniz, tentado e abortado a 13 de Abril de 1961.

Em 1961, tudo se passou no gabinete do ministro da Defesa. Os revoltosos (o general Botelho Moniz e todos os altos comandos militares, com excepção de Kaúlza de Arriada, subsecretário de Estado da Força Aérea, alegado denunciante da intentona) ainda discutiam como depor Salazar quando souberam que o ditador os tinha demitido com efeitos imediatos. Ainda não eram cinco da tarde. À noite, Salazar deu o tiro de partida para Angola.

Em 1974, o capitão Armando Marques Ramos saiu do quartel das Caldas da Rainha à frente de duzentos homens de Infantaria 5, mas a coluna militar foi interceptada antes de chegar a Lisboa.

O mais ridículo é que o insert não ilustra nenhuma passagem do texto de Ana Sá Lopes, que em parte nenhuma do seu artigo cita o Golpe das Caldas.

Clique na imagem do Público.

domingo, 14 de março de 2021

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO


UM POEMA POR SEMANA — Para hoje escolhi Feminina, de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), voz central do Modernismo português e da geração do Orpheu.

No meu ensaio Fractura (2003) escrevi que a obra do autor traz consigo «o travo desabusado de um deboche camp com seu quê de fundador…» Seria fútil acrescentar uma palavra ao que escrevi há dezoito anos.

Natural de Lisboa, Mário de Sá-Carneiro, órfão de mãe desde os dois anos de idade, partiu para Paris em 1912, meses após o suicídio, no pátio do Liceu Camões, do seu muito querido amigo Tomás Cabreira Júnior, com quem escrevera Amizade (1910), peça representada no Clube Estefânia. Data dessa época o convívio com Fernando Pessoa.

Antes da partida do pai para Lourenço Marques, cidade onde o poeta cogitou fixar-se (o avô paterno dirigia os Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique), viaja pela Europa. Por fim estabelecido em Paris, Mário de Sá-Carneiro matricula-se no curso de Direito da Sorbonne, que nunca frequentará, frequenta o milieu literário e artístico, e termina A Confissão de Lúcio, narrativa camp publicada em 1914.

O essencial da obra foi escrito na capital francesa, onde se suicida com cinco frascos de estricnina, num quarto do Grand Hôtel de Nice (Montmartre), no dia 26 de Abril de 1916, três semanas antes de completar 26 anos. O amigo José Araújo assiste aos últimos estertores.

Datado de 1916, o poema desta semana surgiu na edição póstuma de Poesias Completas, volume organizado por João Gaspar Simões e publicado em 1946 pela Ática. Faz parte dos poemas ‘irritantes’ — o adjectivo é do autor —, inseridos na extensa correspondência trocada com Pessoa. Na carta que o acompanha, esclarece tê-lo escrito no dia em que lhe roubaram um guarda-chuva.

A imagem foi obtida a partir de Poesia Completa de Mário de Sá-Carneiro (2017), editado por Ricardo Vasconcelos e publicado pela Tinta da China.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena e Glória de Sant’Anna.]

Clique na imagem.