segunda-feira, 8 de março de 2021

LEITURA DA HISTÓRIA


Por razões longas de explicar, as elites moçambicanas (e, a partir dos anos 1930, também as classes médias) nunca gostaram de Salazar, olhando para o Estado Novo como uma realidade distante e abstrusa. Isto para dizer que, por parte da população branca de Moçambique, a oposição ao regime começou com a queda da Primeira República.

Moçambique fica do outro lado do mundo, faz fronteira com seis países de língua inglesa e, nessa medida, o modo de vida salazarento era uma abstracção para quase todos.

O livro de que vou falar — Brancos de Moçambique. Da oposição eleitoral ao salazarismo à descolonização (1945-1975) — foi publicado em 2018, mas só agora dele tomei conhecimento. Acrescenta muito pouco ao que já sabia. Mas, para a generalidade dos leitores portugueses, representa uma boa introdução ao que era a vida na Colónia.

Bem documentado, o historiador Fernando Tavares Pimenta, professor da Universidade de Coimbra, faz um tour d’horizon à administração colonial de Moçambique, vista sob o prisma da oposição local.

Resumindo muito: análise exaustiva até aos anos 1960, quadros estatísticos elaborados a partir dos censos oficiais, interpretação sociológica correcta e transcrição oportuna de fontes. Menos bem a parte relativa à vida cultural, acerca da qual muito mais haveria a dizer. Meia dúzia de omissões (sobretudo no último capítulo) não beliscam o interesse da obra.

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