terça-feira, 14 de julho de 2020

GEDEÃO


Descobri António Gedeão (1906-1997) por intermédio deste volume de 1964. Estava em Lisboa de férias, tinha 15 anos e ia a subir a Rua do Carmo quando vi o livro na montra da Livraria Portugal. Não conhecia nenhum dos quatro livros anteriores de Gedeão.

Num extenso e polémico prefácio, Jorge de Sena sublinha: «O tremendo mal do nosso tempo, que é a cisão entre uma cultura literária que se pretende largamente humanística e é apenas uma forma organizada de ignorância do mundo em que vivemos...»

Ora bem. Nesta breve síntese talvez resida a desconfiança com que a Academia avalia Gedeão (não confundir Academia com honrarias oficiais e genuíno apreço popular). É um erro, porquanto todos devemos a Gedeão «a inteligência das coisas» que nos deu, como ele diz num poema dedicado a Galileo.

Havendo uma edição mais recente da obra completa do autor, arrumada em lugar visível, tinha este volume da Portugália em segunda fila. Hoje, procurando em vão outro livro, dei com ele, ficando a pensar no que escrevi há anos: «A partir do não-lugar que fizeram seu, Gedeão assombra a normatividade.» [cf. Eduardo Pitta, Um Rapaz a Arder, Lisboa: Quetzal, 2013]

É só ler e tirar conclusões.

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