sábado, 23 de março de 2019

CICLONE IDAI


Parece que os portugueses residentes na Beira estão descontentes com os serviços consulares. Conhecendo os caminhos ínvios da burocracia nacional, não me custa admitir que muita coisa funcione menos bem ou mesmo mal.

Mas no caso concreto da tragédia que assola a província de Sofala e, por extensão, a cidade da Beira, não percebo a ira dos portugueses ali residentes. Salvo se quiserem ser imediatamente repatriados para Portugal (ou deslocados para Maputo). Se for esse o caso, a coisa resolve-se por coordenação entre o MNE, a embaixada de Portugal em Maputo e o Consulado na Beira.

Mais do que isso, não vejo como. A ajuda humanitária (alimentação, água potável, medicamentos) não pode privilegiar duas mil pessoas em detrimento do meio milhão que vive ao lado, ou dos dois milhões de habitantes do território moçambicano alagado, uma área equivalente a mais de metade de Portugal.

Como é que uma repartição consular tem condições para repor infraestruturas (as estradas desapareceram debaixo de seis metros de água, pontes aluíram, não há electricidade, a rede de comunicações móveis colapsou, o hospital da Beira ficou inundado) que o próprio Estado moçambicano se mostra incapaz de repor?