segunda-feira, 20 de novembro de 2017

PESADELO


E se, nas próximas presidenciais, o Brasil cair no colo de Jair Bolsonaro? Há um ano, isto era ficção científica. Hoje é uma probabilidade consistente. Ao pé de Bolsonaro, Trump é um estadista social-democrata. Membro da Câmara dos Deputados, Bolsonaro, 62 anos, católico, militar na reserva, defensor declarado da ditadura militar (1964-85) e da tortura, homofóbico, anti-feminista, anti-aborto, xenófobo, sucessivamente multado pelo teor das suas declarações incendiárias. Numa sessão do Congresso, em 2014, declarou não estuprar uma deputada porque ela nem para isso servia.

Este homem sinistro tem 20% nas intenções de voto. Nos seus discursos, Bolsonaro repete que os artistas, os gays e as feministas promovem a pedofilia e a zoofilia; que as universidades são dominadas por patrulhas marxistas; e que obras imorais devem ser retiradas dos museus.

Uma exposição queer, realizada em Porto Alegre, foi fechada por pressão sua, exercida sobre Gaudêncio Fidelis (o organizador) e o Banco Santander (mecenas). Gaudêncio Fidelis está a ser investigado pela polícia, tal como o director do Museu de Arte Moderna de São Paulo, a pretexto da imoralidade de obras expostas. Caetano Veloso é outro alvo.

Bolsonaro está por trás do Movimento Brasil Livre, formado por jovens que defendem o liberalismo económico, a prisão de Lula e Dilma, e uma catarse moral. Usam as redes sociais para difundir campanhas contra artistas, intelectuais, professores e jornalistas. Referindo-se a gays e feministas, uma das frases preferidas de Bolsonaro é: «Eles merecem ser baleados».

Na imagem, uma manif de repúdio pela presença de Judith Butler no Brasil.