quarta-feira, 25 de maio de 2016

A FEIRA

Telefonema da TSF. O jornalista quer saber o que tenciono comprar na Feira do Livro. Digo-lhe que este ano nem por lá devo passar (não publiquei nenhum livro em 2015), que não gosto da Feira, e que só lá fui a dúzia de vezes em que por obrigação contratual tinha de cumprir o ritual dos autógrafos. Contracorrente? Paciência. Não gosto.

Expliquei porquê: abomino estar sentado ao sol, ficar encharcado dos pés à cabeça porque o toldo do stand não aguentou a bátega, ir a correr para o Hospital da Luz porque a cadeira do Jorge caiu de um estrado com quase um metro, tropeçar em berços do tamanho de caravanas, ficar com um pólo estragado porque uma criança ao colo dos pais deixou cair o gelado em cima de mim, ter que ir ao Ritz se me apetecer urinar, suportar poeira e vento agreste, aturar tontos, etc. Isto dito, das vezes que fui, até tive a companhia de bons amigos, editores e escritores. Não cito nomes porque o risco de esquecer alguém é muito grande. Quanto à Feira, estamos conversados.