sexta-feira, 1 de abril de 2016

BANIF

Uma pessoa ouve e lê e fica atónita. A sessão de ontem da Comissão de Inquérito ao Banif pôs a nu a realidade do banco da família Roque: «É preciso contar o que era o Banif em 2012, e era um banco muito, muito mau. Era péssimo. Tinha uma estratégia errada. Mais do que duplicou a presença no país, tinha feito investimentos disparatados no Brasil, em Espanha e em outras latitudes. Estava concentrado em meia dúzia de grandes clientes e em investimento imobiliário. Não tinham sistema informático. Não tinham sistema de avaliação de risco...», etc.

Quem o disse foi António Varela, o administrador que Vítor Gaspar convidou para representar o Estado no Banif. Mas Varela foi também, até ao passado dia 7, vice-governador do Banco de Portugal, com o pelouro da supervisão entre 2014 e a sua demissão.

Lembrar que, em 2013, o Governo PSD/CDS injectou 1,1 mil milhões de euros no Banif. Em 20 de Dezembro de 2015, já com o Governo PS em funções, o Banif foi alvo de Resolução antes de ser vendido ao Santander por 150 milhões de euros. Nos termos em que foi feita, a venda terá sido imposta pelo BCE. Na prática, Varela chamou mentirosa a Maria Luís Albuquerque — «Longe de mim chamar mentirosa à senhora ex-ministra» —, que terá «edulcorado a verdade» junto das instituições europeias.