sexta-feira, 2 de outubro de 2015

QUEREMOS OU NÃO?


Domingo vou votar no PS. Acredito que António Costa é o político melhor qualificado para formar um Governo à altura dos desafios do presente. Não tenho idade para números de circo nem apetência por folclore. A única forma da Esquerda puxar pelos galões é tê-los no sítio na hora da verdade. Caso contrário, mais cedo ou mais tarde, a II República vai pelo cano.

Se vierem a traduzir-se em votos os números das últimas sondagens, a PAF ganha as eleições do próximo domingo, obtendo entre 108 a 110 deputados. É preciso impedir que isso aconteça. De nada servirá ter 62% do eleitorado a votar CONTRA os partidos que suportam o Governo se persistir a fragmentação dos partidos de Esquerda. Além de irrelevante para efeitos práticos, a pulsão autofágica de uma tal maioria será motivo de anedota nos salões, nos jornais, nos bares e nas televisões da Direita.

É evidente que a manutenção de Passos & Portas, agora em versão minoritária, conduzirá à rejeição do respectivo programa, fazendo cair o executivo. Cavaco está impedido de dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições. O seu sucessor, seja quem for, toma posse a 9 de Março de 2016, mas ficará impedido de desatar o nó até à segunda quinzena de Abril (o duplo impedimento decorre do artigo 172.º da Constituição). Sem Orçamento de Estado, o país terá de viver de duodécimos durante cerca de um ano. Aparentemente nada disto preocupa o establishment nem, pelos vistos, a maioria silenciosa: estima a Bloomberg que a abstenção será superior a 45%. Não pode ser!