segunda-feira, 22 de junho de 2015

DISCURSO DIRECTO, 4

Francisco Louçã, hoje no Público. Excertos, sublinhados meus:

«[...] Os mais cépticos, entre os quais me incluo, registam que, depois de uma queda de 61% da pensão média e com 45% dos pensionistas abaixo da linha de pobreza, mais 50% de jovens desempregados, há um limite humano para esta austeridade e que um acordo deve ter efeitos expansivos de curtíssimo prazo. Se amanhã é outro dia, para a Grécia será preferível sair do euro a aceitar mais austeridade e uma dívida em cavalgada.

Em todo o caso, para Atenas a incerteza é o pior dos purgatórios. Mil milhões de euros foram levantados dos bancos na sexta-feira [...] Se não houver acordo hoje, um controlo de capitais é necessário no dia seguinte, porque, se falhar o apoio do BCE, os bancos ficam imediatamente insolventes. [...]

Pelo seu lado, o Governo nunca apresentou esta “alternativa dracma”. Tsipras sabe que a Grécia depende do mercado interno, é uma economia menos aberta do que a portuguesa e a desvalorização não teria tanto impacto sobre as exportações, mas o turismo seria beneficiado e, sobretudo, a Grécia abateria 300 mil milhões das suas contas no momento em que declare o incumprimento. Abre uma batalha e pode preferir evitá-la, mas o maior custo financeiro é dos credores. A escolha é portanto unicamente política.

Quase toda a esquerda está a recuar perante a crise grega. [...] O que se decide na Grécia, por isso, é o fim de uma tragédia, se não for o princípio de outra. Hoje, só Atenas pode salvar a Europa.»